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Blog da HashInvest

E se só sobrarem o Bitcoin e as Criptomoedas?

Postado em 18/05/2018

Nome do Autor luis

Essa semana escrevo a segunda parte do texto da newsletter passada, em que pedi para você pensar se o Bitcoin não poderia ser a agulha e não a bolha.

Recapitulando o cenário: Para salvar o mundo em 2008, Bancos centrais das principais economias mundiais imprimiram moeda, a partir do nada, como nunca antes visto na história (foi muita grana). Além disso baixaram os juros a níveis muito camaradas. O pessoal pegou o dinheiro barato e foi as compras nas bolsas de valores. Isso resultou em ações artificialmente valorizadas e empresas com sobra de caixa, numa condição extremamente instável onde o dinheiro não chegou a economia “real” por assim dizer.

Chegou a hora de consertar o problema antes que seja tarde. O mecanismo usado para recolher dinheiro do mercado é o mesmo desde que o mundo é mundo. Governos emitem títulos de dívida e as pessoas/instituições compram esse título com a promessa de resgatá-los com juros atrativos. Até ai nada demais.

O que temos na mesa é um dilema: Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.

Indo direto ao ponto, para recolher essa grana toda é necessário subir os juros, caso contrário os investidores não investem. Acontece que qualquer juros sobre 20 Trilhões de dólares é muito, mas muito dinheiro e na prática alimentam as dívidas soberanas de modo exponencial.

O que já é, por grandes mentes do pensamento econômico, considerado impagável vai ficar ainda pior.

A solução para uma dívida impagável seria… imprimir mais dinheiro para pagá-la. Na história recente da humanidade já vimos isso e a coisa não terminou muito bem, sendo a crise econômica um dos pilares da ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha.

Crise de hiperinflação alemã nos anos 1920

A outra opção é simplesmente “não fazer anda” e deixar os balanços como estão. Acontece que a qualquer tempo, sem sabermos ao certo o que pode disparar o processo, esse dinheiro que hoje está parado nas bolsas e balanços de empresas pode de fato entrar na economia.

A resposta dos sistemas econômicos para uma enxurrada de dinheiro entrando na economia do dia para a noite (como feito de 2008 a 2014) deveria ter sido a Inflação que não veio.

Há quem argumente que há uma crise de hiperinflação represada, há quem argumente que o mundo vive uma recessão deflacionária que foi compensada com a emissão de dinheiro e uma vez superada a inflação vai chegar. O fato é que ninguém sabe direito o que está acontecendo e muito menos o que vai acontecer.

Jim Rickards, um dos profetas do apocalipse financeiro gosta de dizer que estamos a espera de um floco de neve para disparar a avalanche. Lembrando que Rickards é contra o Bitcoin e um dos ferrenhos defensores do ouro, mas ultimamente andou dando o braço a torcer para algumas Criptomoedas.

Voltando ao tema, não pense que estou falando de um cenário de ficção científica. Já vimos isso acontecer na Alemanha em 1923, Na América Latina como um todo na década de 80, aqui no Brasil até 1994 entre muitos outros, até então localizados. O problema é que atualmente estamos flertando com um risco inflacionário em escala global (isso sim nunca aconteceu).

Espero sinceramente que esses cenários não se materializem e que uma terceira via se apresente como solução suave e tranquila para o eminente caos econômico dos próximos anos.

As más notícias não terminam aqui. Não pense que você vai ter tempo para tomar uma atitude caso o gatilho seja disparado. Quem viveu o governo Sarney deve se lembrar das famigeradas maquininhas de remarcar preço trabalhando incessantemente e da escassez de produtos (que hoje vemos na TV quando o assunto é Venezuela).

Voltando ao exemplo alemão, um pão custava cerca de 250 marcos em janeiro de 1923, em dezembro do mesmo ano, o mesmo pão era vendido por 200 BILHÕES de marcos. Sim, a coisa pode ser muito rápida.

E o que você investidor pode fazer para se proteger?

Seguros, você pode e deve fazer seguros. Pegue parte de seu patrimônio e compre ouro, compre prata, compre propriedades e compre Criptomoedas.

Se o caminho alternativo aparecer e essa crise que descrevo não vier, você não terá perdido grande coisa e muito provavelmente terá até conseguido ganhar um bom dinheiro. Agora, se ela vier, você vai me agradecer por estar protegido.

O Bitcoin é uma Criptomoeda incrível. Ela tem sua emissão controlada por protocolo (não é sensível aos devaneios dos Bancos Centrais) e é sua, ou seja, não é confiscável por bancos e governos (incensurabilidade).

Em um cenário hiperinflacionário, prepare-se para ver que alguns especialistas chamam de “hiperbitcoinização” da economia. Você verá preços de tudo, incluindo as Criptomoedas, subirem em escalas inimagináveis com as pessoas desesperadas para fugir das moedas governamentais para uma moeda soberana por si (coisa que não estava disponível a apenas 10 anos atrás).

O que é chamado de bolha e fraude nos dias de hoje poderá ser o porto seguro da próxima grande crise.

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!